sábado, 30 de junho de 2007

Espetáculo gratuito ao anoitecer

Sempre gostei de olhar pro céu. Observar o movimento das nuvens durante o dia ou o intenso brilho das estrelas na escuridão da noite me acalma, dá paz. Me fascina o espetáculo que a natureza nos proporciona dia após dia.
Assim que o Sol se põe, se olharmos para o firmamento na direção oeste, podemos ver um ponto de luz tão intenso que até parece ser uma estrela, tanto é que muitos o chamam de Estrela D´alva ou Estrela Vésper. De fato, depois do Sol e da Lua é o ponto mais brilhante que existe no céu mas, ao contrário do que muitos pensam, não é uma estrela: trata-se do planeta Vênus.
Acho incrível poder ver um planeta que está a 84 milhões de distância da Terra, mesmo que seja apenas um pontinho no céu. Um pouco acima de Vênus, um outro ponto menos brilhante também pode ser visto: é o planeta Saturno. Hoje à noite, os dois planetas vão se alinhar num verdadeiro show.
Se esse fenômeno tem algum significado especial? Não sei. Para místicos ou algo do tipo pode até ser, mas esse não é o meu caso. Acredito mesmo que vale a pena olhar para o céu e contemplar o universo... É de graça.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Me deixando levar...

Sabe o que é o melhor da vida? É que por mais que a gente faça planos, calcule todos os riscos e tente se preservar de algumas coisas, na maioria das vezes nada acontece como imaginávamos. Ao contrário do que possa parecer, isso não é uma visão pessimista, mas sim realista e, de certa forma, encantadora. Nós nunca sabemos ao certo o que vamos encontrar na próxima esquina. Para onde nossos passos vão nos guiar. Qual o rumo certo a tomar. Temos apenas que seguir em frente, impulsionados pela intuição, pelo que acreditamos ser certo. E aí, quando deixamos que o inesperado aconteça e passamos a acreditar que a Vida nos conduz pelo melhor caminho, as coisas começam a acontecer...


Ah! Hoje a Marta me mandou a frase abaixo pelo orkut. Achei bonita e resolvi colocar aqui:

“Aprende a relacionar-te com o teu silêncio interior e recorda que tudo nesta vida tem um propósito, que não há erros nem coincidências: todos os acontecimentos são bençãos que nos são dadas para que aprendamos algo através delas".
Elizabeth Kubler-Ross

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Das Utopias

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não quere-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
a magica presença das estrelas!


Mário Quintana

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Era uma vez...

Dia 10 de maio recebi o convite: “queria um texto seu pra colocar no meu blogue... texto simples, curto... assunto: queria que você falasse da Tatiana Belinki, de como foi seu encontro com ela, quando você ligou na casa dela.... o que acha?”.

Receosa com a responsabilidade, topei o pedido feito por meu amigo .lucas guedes. Jornalista, pesquisador, um tanto revolucionário e completamente imprevisível, .lucas sempre põe o ponto final antes do início de qualquer coisa. Um sinal de que nem tudo na vida tem um fim...

O resultado da entrevista com Tatiana você confere aqui.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Falta um tanto ainda

As palavras revelaram a menina um mundo encantado, onde ela podia ser quem quisesse. Bastava abrir a alma e o universo das idéias se descortinava bem a sua frente.
Por vezes, ela acreditava não ser capaz de entender tantas coisas e se perdia entre uma citação, uma sintaxe e um desenho lá adiante. Quando isso acontecia, um leve desespero invadia seu intimo e o tempo, como um juiz tirano, a condenava por não ter aproveitado as horas que ele concedera. Tudo bem que foram poucas, mas cabia a ela administrar os ponteiros do seu relógio. Para que dormir? O sono e o cansaço foram feito para os fracos. Porque sentir solidão? Ela não podia gastar seu precioso tempo com um sentimento tão vil... Sim. Ela era culpada por cometer o crime de amar o campo das idéias.
E agora não tinha mais volta. Flagrada na cena do crime, de arma em punho e tinta azul suja na mão, ela apenas clamava por mais tempo...

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Crepúsculo

"Só no dia em que me dei conta de minha própria ignorância é que comecei a escrever as coisas que sentia".
Samuel Beckett

A luz do dia e o escuro da noite se fundiram. O relógio marcava 20h. O dia: 17 de junho, o último de apresentação.
Em cartaz desde o dia 11 de maio, Crepúsculo lotou a sala Paulo Emílio Salles, do Centro Cultural São Paulo. Com direção de Rubens Rusche, o espetáculo passeia pelo chamado “teatro do absurdo” de Samuel Beckett (1906-1989). Composto por três peças curtas do escritor e dramaturgo irlandês, “Solo”, “Passos” e “Improviso de Ohio”, Crepúsculo incomoda. Provoca. Vai ao fundo das emoções. Seja pelas longas pausas, pelo ritmo cadenciado das falas ou pela pouca luz. Mais do que ver e ouvir é para sentir.



Cena de Crepúsculo - Na foto: Antonio Galleão

Samuel Beckett


quinta-feira, 14 de junho de 2007

No País das Maravilhas

- Podia-me dizer, por favor, qual é o caminho para sair daqui? - Perguntou Alice.

- Isso depende muito do lugar para onde você quer ir. - disse o Gato.

- Não me importa muito onde... - disse Alice.

- Nesse caso não importa por onde você vá. - Disse o Gato.

- ...contanto que eu chegue a algum lugar. - acrescentou Alice como explicação.

- É claro que isso acontecerá. - Disse o Gato - desde que você ande durante algum tempo.

Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Chega às livrarias a segunda antologia do Pasquim

Setembro de 68. Numa mesa de bar, no bairro de Ipanema, alguns amigos se reuniam e, entre um chopp e outro, decidiam o nome de um jornal. “Que tal Pasquim? Vão nos chamar de pasquim (jornal difamador, folheto injurioso), terão de inventar outros nomes para nos xingar”, propôs Jaguar. A princípio a sugestão não agradou, mas como todos estavam cansados de tanta reunião, o nome foi aceito. Começaria aí uma trajetória de 22 anos que marcaria para sempre a linguagem jornalística.
Famoso por seus textos debochados, irônicos e irreverentes, o Pasquim inventou modismos como “paca”, “sifu”, “duca”, “putsgrila”. Levou as gírias ipanemense para as páginas do tablóide e tirou o “paletó e a gravata do jornalismo” deixando os textos mais próximos da linguagem coloquial. Escreviam como se fala.
Com um time de jornalistas de dar inveja, a Patota do Pasquim era composta por Jaguar, Millôr, Ziraldo, Henfil, Tarso de Castro, Ivan Lessa, Sérgio Augusto, Sérgio Cabral, Claudius, Fortuna, Paulo Francis e colaboradores como Vinicius de Moraes, Chico Buarque, Ferreira Gullar e Glauber Rocha, sem falar no mascote do jornal: Sigmund Freud, o rato Sig. Em tempos de Ditadura Militar (1964-1985), conseguiam driblar a censura entre um quadrinho aqui, um cartun acolá. Suas páginas eram recheadas de humor, uma resistência inteligente contra o regime. Deixou sua marca em toda uma geração...
Mas agora, quem quiser matar a saudade do hebdomadário ipanemense não precisa mais ir à biblioteca ou ao arquivo do Estado. Já chegou às livrarias o segundo volume da antologia do Pasquim (Desiderata, 368 páginas), que reúne os melhores trabalhos entre os números 150 e 300 (anos de 1972 e 73) do jornal, organizados por Sérgio Augusto e Jaguar.
Se quem leu o primeiro volume da antologia (publicada no ano passado) gostou, pode se preparar para mais horas e horas de leitura perspicaz e bem humorada com o segundo.








domingo, 10 de junho de 2007

9 de junho, 17h40


Fiquei na sala de cinema até acabar os créditos do filme e sai de lá me sentindo estranha, embalada pela bela trilha sonora... "Só deixo minha alma Só deixo meu coração Na mão de quem anda solto...".
.
Não adianta querer prever a vida. Controlar os passos. Cronometrar o tempo. É mais fácil e belo se deixar levar...

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Lição catorze

Subi as escadas vagarosamente. Quando cheguei ao último cômodo da casa, olhei as pesadas caixas que me aguardavam. Me sentia numa expedição arqueológica, à procura de algum tesouro escondido, tão bem escondido, que eu nem lembrava mais que existia.
Retirei sacolas, pincéis, frascos de tinta, até enxergar a abertura das caixas de papelão. Não sabia exatamente o que tinha ido buscar ali, mas sabia que tinha que mexer, fuçar, olhar. Abri. Só encontrei material pedagógico, livros didáticos, carimbos, lápis de cor, provas e trabalhos de ex-alunos da minha mãe. As duas primeiras caixas só continham isso. Nas outras três achei peças de computador quebrado, ferramentas, fios... Coisas do meu pai. Já estava exausta, mas sabia que precisava chegar nas últimas caixas, as que aparentavam ser mais pesadas. Olhei para fora da janela. O sol já estava avermelhado, anunciando o fim de mais um dia. Foi quando achei, sem mesmo saber que o estava procurando. Em baixo de livros de filosofia, matemática e literatura brasileira estava meu livro de português da 5ª série. A capa surrada, as páginas cheias de orelhas, a contracapa riscada de caneta com meu nome. Larguei tudo esparramado e carreguei o livro pra área do lado de fora. Sentei no chão e, antes de lê-lo, olhei mais uma vez para o céu e para os últimos raios solares que tornavam as nuvens alaranjadas. Tantas lembranças me vieram à tona... Minha mãe sempre, desde a mais tenra idade, me incentivou a ler. Comprava livrinhos de desenho, poesia, historinhas... Lembro até hoje do “Pirilampo telegrafista”, da “Bruxa Onilda” e até de um livro em que se podia inventar o final. Dessa forma, na 5ª série eu já devorava qualquer coisa com letras que colocavam na minha frente. Nas aulas de português, quando a professora nos fazia ler em conjunto algum capítulo do bendito livro, eu já sabia de cor e salteado a história. O texto da lição catorze então, era o que eu mais gostava. Gostei tanto que, antes da professora nos passar, eu já tinha divulgado pra sala inteira o quanto era divertida a história em que um pastor alemão respondeu uma carta de uma família inglesa, que iria passar as férias na Alemanha, confundindo a abreviatura da palavra W.C., “water-closed” (significa banheiro), com a sigla W.C. (capela da religião inglesa White Chapel).
Engraçado... Acho que foi daí que eu comecei a querer fazer algo da minha vida que envolvesse leitura, pesquisa e escrita.
Voltei a fuçar o livro. Cada capítulo que eu abria me trazia novas lembranças... Cheguei ao último deles. Falava da linguagem jornalística e tinha um exercício intitulado “O repórter agora é você”. Li surpresa isso e fechei o livro. Dez anos depois das minhas aventuras literárias no ensino fundamental, eu faria meu Trabalho de Conclusão de Curso sobre linguagem jornalística. Incrível como, às vezes, passar uma tarde despretensiosa em casa nos faz encontrar fragmentos de nossa existência.
Quando eu me preparava para arrumar a bagunça que tinha feito, caiu do mesmo livro da 5ª série, um papel com a seguinte mensagem:

Meta
A gente busca

Caminho
A gente acha

Desafio
A gente enfrenta

Vida
A gente inventa

Saudades
A gente mata

Sonho...
A gente realiza!

(Autor desconhecido)

quinta-feira, 7 de junho de 2007

terça-feira, 5 de junho de 2007

Custa reciclar?

Junho é conhecido como o mês dos namorados e das festas juninas. Poucos são os que lembram de uma importante data neste mesmo mês: o Dia Mundial do Meio Ambiente e da Ecologia.
Hoje, 05 de junho, diversos setores da organização civil comemoram sua luta pela preservação da fauna e da flora. Luta árdua, diga-se de passagem, principalmente em tempos de aquecimento global, tema tão discutido na mídia, mas que pouco surte efeito nas pessoas: a impressão que tenho é que algumas ainda não se deram conta de que somos nós os responsáveis por esta situação.
Ao longo do dia, provavelmente, a atenção do país estará voltada para as questões ambientais, mas, logo tudo será esquecido. Transeuntes continuarão jogando lixo na rua, animais silvestres voltarão a ser comercializados e as mudanças climáticas continuarão afetando a vida de todos. É como se não fosse um dever meu, seu, nosso de zelar por um ambiente sadio.
Quando falamos em meio ambiente, logo imaginamos florestas, animais e oceanos, uma realidade – infelizmente- distante para a maioria de nós, cada vez mais soterrados de concreto. No entanto, a expressão “meio ambiente” indica qualquer espaço em que se vive e desenvolve. Já o termo “Ecologia” foi proposto em 1866 pelo biólogo Haeckel, e é composto por duas palavras de origem grega: oikos, que quer dizer “morada”, e logos, que significa “conhecimento”. Assim, é responsabilidade de todos conhecer e cuidar do ambiente em que nos desenvolvemos.
Não custa nada separar o lixo reciclável e enviar para alguma cooperativa de catadores. Não cai a mão segurar uma embalagem de bala, ou o que quer que seja, até encontrar uma lixeira próxima ao invés de jogar na rua. O planeta também agradece se evitarmos o desperdício de água e energia – e olha que isso economiza até no bolso!
Mais do que uma data para se marcar no calendário, hoje é dia de reciclarmos conceitos de que a natureza é alheia aos nossos atos. Como dizia um sábio índio “o homem não teceu a rede da vida ele é só um de seus fios. Aquilo que ele fizer à rede da vida ele o faz a si próprio”.

Poema da campanha do Greenpeace:

‘Bora menino,
Pega a zagaia, vai brincar de pescador, mergulha no rio
Sobe nas árvores, faz careta, chupa ingá, imita os macacos
Escuta o canto dos passarinhos...

Bora menino,
Chama os amigos pra brincar
Sobe na nuvem, joga bola, dribla o vento, cabeceia, faz um gol
Corre pro abraço e vibra com a torcida do Todo Mundo Futebol Clube...

Agradece toda a beleza que o universo te dá
E sente (mesmo sem saber) que é parte do universo também
Que o vento, a nuvem, a tarde, a flor, a árvore, o sol
Tudo isso existe dentro da gente

Enche o peito de encanto
Teu quintal é imenso
Teu horizonte não tem fronteiras

Cuida bem da tua casa,
Respeita teus amigos,
Rega teu jardim

‘Bora homem,
Acorda o menino que dorme em ti
Te enche de coragem
Empunha também a caneta
Aprende a fazer as escolhas certas
Para o futuro da Amazônia garantir

sexta-feira, 1 de junho de 2007

A estrada que não peguei


The Road not Taken

Duas estradas divergiam em um bosque em setembro
E lamentando não poder seguir em ambas vias
E sendo único viajante, durante muito tempo me lembro
olhei para uma tão longe quanto eu conseguia
até onde ela dobrava na descida e sumia
Então peguei a outra, parecia boa e vasta
e fosse talvez a mais atraente
pois estava coberta de grama precisando ser gasta
embora aqueles que passaram na frente
tivessem gastado ambas quase igualmente
E ambas que aquela manhã igualmente fez
cobertas por folhas, pegada alguma a manchar
Oh, deixei a primeira para outra vez!
Mesmo sabendo como um caminho leva a caminhar
duvidei se iria algum dia voltar
Devo estar contando isso com a alma cortada
Em algum lugar, há uma distância de tempo imensa:
divergiam em um bosque duas estradas
e eu escolhi a menos viajada
e esta escolha fez toda a diferença.

Robert Frost
Tradução de Ângela Carneiro



Uma escolha fez toda a diferença...