quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Numa janela de poeira

O trânsito estava lendo e os ponteiros do relógio corriam apressados. Meus olhos percorriam as ruas pela janela do ônibus avistando os mesmos pontos de todo dia: a barbearia que parecia ter parado no tempo, o farol em frente à loja de fios e linhas, a árvore na calçada do cruzamento. Eu observava tudo em busca de um espanador de tristezas. De repente vi um homem dobrar a esquina carregando seu filho nos ombros. O menino abria os braços e sorria, enquanto o sol reluzia em seus cabelos. Imaginei que ele dizia: "Olha, papai, eu posso voar". Eu via tudo por entre um vidro. E queria tanto, mas tanto, ouvir aquele riso.