segunda-feira, 31 de março de 2008
Prazeres
Pão com manteiga na chapa e café com leite.
Deitar na grama e olhar o céu.
Comer melância e fazer campeonato de atirar sementes.
Ler leitada na cama, com chuva caindo lá fora.
Assistir filme enrolada na coberta.
Ouvir a música preferica tocar no rádio e cantar junto desafinado.
Receber um e-mail ansiosamente esperado.
Dormir mais 45 minutinhos (melhor seria se fosse 564, mas tudo bem).
Cheiro de terra molhada.
Andar pela casa de meia.
Flores no jardim (ok, também pode ser no vaso).
Céu estrelado.
Tarde ensolarada.
Arco-íris.
Jogar conversa fora na varanda.
Noite de lua cheia.
Brincar com o Rufus e a Scarlet no quintal.
Fazer "amassa-amassa" na Irys e no Vivi.
Almoçar na casa da vó.
Tomar banho quentinho após tomar uma baita chuva.
[ainda bem que tudo isso existe]
domingo, 30 de março de 2008
Não custa relembrar
sábado, 29 de março de 2008
Minha pequena notícia do dia
quinta-feira, 27 de março de 2008
À minha mãe
Eu dei risada e disse que aquilo era bobagem. Oras, eu estava feliz por finalmente ir à escola! Se eu estivesse triste ou chorando, como as outras crianças, aí sim você teria motivos para se sentir mal, mas não foi esse o caso. Você baixou os olhos e riu um riso tímido, triste. Os olhos marejaram. Senti que de nada adiantariam minhas tentativas para apaziguar seu ser pelo ocorrido.
Talvez seja inútil tentar entender os misteriosos desígnos da alma humana. Você, em seu amor incondicional de mãe, em seu instinto protetor e incondicional de mãe, tem carregado por anos a fio um peso por acreditar que me deixou sozinha em um momento crucial de minha existência. Talvez em seu intímo paire a sensação de que é sua obrigação caminhar ao meu lado, de mãos dadas, pela vida afora. E bastou apenas um momento, em que soltou a minha mão e apenas me observou dar passos curtos à frente, para que se atormentasse pelo ato impensado.
Sabe, nem sempre para estar ao lado do outro precisamos estar de mãos dadas. Às vezes, os sentimentos mais puros e ternos, mais simples e verdadeiros, pairam exatamente na distância dos corpos. Os laços de amor presentes entre duas almas afins são muito maiores do que a vida, a geografia, o teto de casa ou até mesmo a morte. O amor é a única coisa que verdadeiramente nos une.
É chegada a hora em que iremos soltar as mãos. Sei bem que o mundo é um moinho; já triturou um bocado dos meus sonhos mesquinhos e vai continuar assim. Mas é preciso seguir em frente e tal qual a menininha que adentrou o portão da escola sozinha, temerosa e feliz, darei passos curtos, pequenos, porém ousados. E você estará observando, pronta para me socorrer caso eu precise.
Deixar as pessoas livres para projetarem seu próprio destino também é uma prova de amor e isso eu sei que você tem de sobra. Nós temos de sobra.
Iremos soltar as mãos, mas continuaremos unidas.
quarta-feira, 26 de março de 2008
É tudo verdade
Começou a 13º edição do Festival de documentários É tudo verdade. Este ano, 137 títulos de todo o mundo.
Confira a programação aqui.
sexta-feira, 21 de março de 2008
quarta-feira, 19 de março de 2008
“Aquilombaram a poesia em cadernos”
Edição comemorativa de Cadernos Negros marca três décadas de negras palavras*
Michele Prado
No ano de 1978, um grupo de pessoas vinculadas à escrita freqüentava o Centro de Cultura e Arte Negra [Cecan], no bairro do Bixiga, em São Paulo. Dentre elas, a dupla formada pelo poeta Luiz Silva [pseudônimo Cuti] e pelo advogado Hugo Ferreira propôs a criação de uma antologia literária com composições em versos. No mesmo ano, oito autores uniam-se para publicar os Cadernos Negros.
Passados 30 anos da publicação das 52 páginas no tamanho brochura [10x14,5cm] do primeiro Caderno, o Quilombhoje – grupo de escritores paulistanos que tem como objetivo discutir e aprofundar a experiência afro-brasileira na literatura – lança uma edição histórica que reúne contos e poemas de 35 autores publicados durante o período. Cadernos Negros – Três Décadas traz ilustrações das capas anteriores, índice com o nome dos autores que participaram desde o primeiro exemplar, além de fotos que marcaram os eventos de lançamentos e uma coletânea constituída por análises da série.
Quilombhoje foi fundado, no final da década de 70, por Cuti, Oswaldo de Camargo, Paulo Colina, Abelardo Rodrigues, dentre outros. A sigla do grupo é um neologismo que inclui a retomada histórica do quilombo com a palavra “bojo”. Ou seja, é uma literatura que está no bojo de um movimento maior, o Movimento Negro Nacional.
Atualmente, com a aplicação da Lei 10.639 de 2003, que obriga o ensino da história e da cultura do negro no Brasil, surgiu à tona uma polêmica discussão sobre a chamada Literatura Negra ou Afro-Brasileira. O que é Literatura Negra? A questão étnica é fator primordial na classificação dos autores? Como trabalhar e difundir essa Literatura? Segundo a atriz e escritora Cristiane Sobral, a Literatura Negra representa o negro de uma maneira diferente de como ele é apresentado no mercado. “Deixa de ser ‘um negro’ e passa a ser ‘o negro’”, explica.
Para compreender o que Cristiane afirma, basta lançar um olhar mais atento à representação do negro na mídia, constantemente carregada de preconceitos e estereótipos. Em um país multirracial como o Brasil, a cor da pele ainda influi na maneira como a sociedade estigmatiza as pessoas.
De acordo com Esmeralda Ribeiro, jornalista, escritora e atual coordenadora do Quilombhoje – ao lado de Márcio Barbosa –, “a mulher ainda é vista como empregada doméstica, apesar do alto cargo que possa ter”. Esmeralda conta que, durante um lançamento, foi interpelada com a seguinte questão: “Você copia de onde suas poesias?”. A pergunta, um tanto quanto grosseira, foi desferida por uma senhora que não acreditava que uma negra fosse capaz de dominar com maestria a linguagem literária. “É um desafio trabalhar a mulher e o ser negro. Ainda somos vistas como inferiores”, conta.
Se tomarmos por regra que os textos da Literatura Negra são escritos produzidos pelos negros sobre os próprios negros, desde o século XVIII então despontam escritores que retrataram sua vivência em versos. Como exemplo, Domingos Caldas Barbosa, Luís Gama, Cruz e Souza, Lino Guedes, Auta de Souza, Solano Trindade, dentre outros. Portanto, o termo “Literatura Negra” foi criado para dar nome há algo que já existia. “Sempre existiu. Apenas damos um olhar mais contemporâneo”, afirma Esmeralda.
Desde 1983, a organização e editoração dos Cadernos estão a cargo do Quilombhoje. Isso tem permitido que autores de todo país lancem seus escritos pela editora que leva o mesmo nome. A despeito da ampla divulgação nos meios alternativos, acadêmicos e militantes, a publicação ainda passa por dificuldades para bancar sua produção anual. Semelhante a um processo cooperativo, o grupo arca com parte dos recursos, e a outra parte é dividida pelos autores participantes.
A venda dos livros é realizada principalmente no lançamento de cada volume. Este filão, que não é oferecido pelo mercado editorial, já abriu portas até para a divulgação da produção brasileira no exterior. Foi publicada uma versão em inglês dos Cadernos Negros pela Africa World Press, nos Estados Unidos, em comemoração aos 30 anos de existência da série.
A literatura propicia a formação da identidade e da opinião do leitor. Neste caso, torna-se uma forma de resistência, um centro de transformação social. Partindo deste ponto, não restam dúvidas quanto à importância dos Cadernos Negros não só para a literatura, mas para a história brasileira. “Estamos libertando a palavra do pelourinho”, versa a poesia de Cuti. Que assim seja e continue a ser.
Cadernos Negros – Três Décadas
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Editora Quilombhoje Publicações
336 pgs.
Gratuito
Para adquirir, solicite o exemplar pelo site http://www.quilombhoje.com.br/. Em virtude da distribuição limitada, o Quilombhoje dará preferência para escolas e participantes do Seminário Cadernos Negros – Três Décadas.
*Publicado na Revista Paradoxo
segunda-feira, 17 de março de 2008
Sábado
Credo do Contador de Histórias
"Creio que a Imaginação pode mais que o conhecimento
Que o mito pode mais que a história.
Que os sonhos podem mais que os fatos.
Que a esperança sempre vence a experiência.
Que só o riso cura a tristeza.
E creio que o amor pode mais que a morte".
Das 14h às 18h
Lançamento: Cadernos Negros - Três Décadas
Ouvi algo mais ou menos assim:
"É difícil ser descendente de escravo, mas deve ser mais difícil ainda ser descendente de escravocrata ou traficante de escravos".
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é isso ai.
domingo, 16 de março de 2008
Pequeno Príncipe
E um pouco mais tarde acrescentaste:
- Quando a gente está triste demais, gosta do pôr-do-sol...
- Estavas tão triste assim no dia dos quarenta e três?
Mas o principezinho não respondeu.
terça-feira, 11 de março de 2008
A menina e o vento
Nos dias bem alegres, em que parece que o sol deixa de morar no céu para viver dentro da gente, ela tratava de pegar seu bauzinho e guardar a felicidade bem direitinho. Assim, ela teria bons sentimentos para sempre.
Até que um dia, quando andava à toa pela rua, ouviu dona Marica, a vizinha da frente, dizer que o vento leva e traz aqueles que amamos. Então a menina teve uma idéia: se ela podia prender os sentimentos, também podia amarrar esse tal de vento, assim ele não levaria ninguém que ela gostava.
Comprou um vidrinho, desses cheios de desenhos, e lá se foi, morro acima à procura do vento. Gritava, chamava e até cantava, mas nada do vento ventar.
Quando já estava desistindo do feito, sentiu uma brisa soprar. Os cabelos remexeram-se, formaram desenhos no ar. A brisa foi ficando mais forte e balançou galhos secos, folhas e flores. Logo o vento tratou de carregar sementes pelo ar. Notando a surpresa da menina, ele disse quase num sussuro: “preciso espalhar a vida por todos os cantos. Só assim a natureza cresce e as flores amanhecem”.
A menina se encantou com a profissão tão nobre do vento: distribuir sementes, conduzir nuvens, direcionar a chuva. E ela o amou com tal intensidade que queria se sentir balançada para sempre. Mas o vento não podia ficar. “É preciso seguir em frente”, ele dizia.
Com o coração pequenininho, ela chorou até seu vestido ficar encharcado de lágrimas. Como podia uma dor mais forte do que um joelho esfolado, um arranhão no braço ou um dedo quebrado? Foi aí que ela contou seu segredo: “olha vento, eu trouxe um vidrinho pra te aprisionar, mas como você precisa ventar não vou mais fazer isso”. O vento riu da idéia da menina e se encheu de ar até inchar de tanto orgulho. Claro que ela não podia prendê-lo, mas ele ficou feliz por ela decidir deixá-lo livre, mesmo que sentisse saudade.
“Olha menina, eu também tenho um segredo! É que eu sou o ar em movimento! E assim como o ar, eu também estou em toda parte. Cada vez que você sentir saudade lembre-se que estarei sempre por perto e nós nunca vamos nos separar”.
Surpresa, a menina sorriu. Não cabia em si de tanta felicidade. Gargalhou, rodopiou e cantou de braços abertos.
Agora não precisava de vidros, caixinhas nem cartinhas. Era só lembrar do vento para saber que logo ele estaria por perto. E para sempre.
sábado, 8 de março de 2008
Dia das mulheres
sexta-feira, 7 de março de 2008
"... e a velha a fiar!"
O ato de fiar sempre representou uma espécie de “trabalho mítico”. Na Grécia Antiga, três deusas conhecidas como Moiras, ou Parcas, determinavam o futuro dos homens por meio da tecelagem. Fiandeiras do destino, eram responsáveis pelo nascimento, tempo de vida e morte das criaturas. Nos contos de fada, o duende Rumpelstiltskin transformava em uma roca palha em ouro. E quem não se lembra da clássica música do Los Primos, A velha a fiar?
Adentrando esse universo mágico, As Meninas do Conto iniciam amanhã, no Sesc Avenida Paulista, nova temporada do espetáculo As Velhas Fiandeiras. Baseada nos contos As Fiandeiras, dos irmãos Grimm, e As Três Velhas, de Câmara Cascudo, a montagem conta a história de uma menina que não gostava de fiar. Até que um dia ela é levada para o castelo da rainha e se vê obrigada a fiar uma grande quantidade de lã. Lá, ela conhece três velhas muito esquisitas que a ajudam a mudar o seu destino.
Formado em 1995, o grupo teatral se dedica à pesquisa e à encenação de narrativas que fazem parte do imaginário popular. Em 2004, no Teatro Alfa, estrearam As Velhas Fiandeiras; no mesmo ano, o espetáculo recebeu o Prêmio APCA como melhor espetáculo infantil. Atualmente, recebeu oito indicações para o Prêmio Coca-Cola Femsa: Melhor Espetáculo, Melhor Autor, Melhor Diretor, Melhor Cenografia, Melhor Figurino, Melhor Iluminação, Melhor Música e Melhor Produção.
As Velhas Fiandeiras
De 08 a 30 de março
Sábado e domingo, às 16h.
R$ 8,00
SESC Avenida Paulista
Avenida Paulista, 119
quinta-feira, 6 de março de 2008
Procura-se uma janela
[tá sufocante demais aqui]
terça-feira, 4 de março de 2008
T, de tecer
Tecem acontecimentos de vivências e ciências
Palavras translúcidas dispostas no tudo do ser
Deixam ver o eu de dentro, o lado do avesso
Reações razões canções
Composições da vida
A compor linhas finas
Como a de um anzol
Fisgar momentos
Prender imagens
Sentir por dentro
Alegrias vividas
Tristezas sentidas
E o tudo presente
No dia presente
Tecer rumos
Não mais que isso
E ao chegar no
Fim da linha
Conjugar viver
No pretérito perfeito