domingo, 25 de setembro de 2011

Histórias da Unha do Dedão do Pé do Fim do Mundo

Os versos de Manoel de Barros ganharam uma bela versão animada para a exposição "Arte para Crianças", que esteve em cartaz em 2009 no Sesc Pompeia. Uma lindeza só.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Numa janela de poeira

O trânsito estava lendo e os ponteiros do relógio corriam apressados. Meus olhos percorriam as ruas pela janela do ônibus avistando os mesmos pontos de todo dia: a barbearia que parecia ter parado no tempo, o farol em frente à loja de fios e linhas, a árvore na calçada do cruzamento. Eu observava tudo em busca de um espanador de tristezas. De repente vi um homem dobrar a esquina carregando seu filho nos ombros. O menino abria os braços e sorria, enquanto o sol reluzia em seus cabelos. Imaginei que ele dizia: "Olha, papai, eu posso voar". Eu via tudo por entre um vidro. E queria tanto, mas tanto, ouvir aquele riso.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Little girl blue*

Era uma manhã cinzenta de uma semana difícil. Acordei atrasada e levantei da cama um pouco atordoada, enquanto um turbilhão de pensamentos invadia a minha mente. "Tome logo uma decisão, se mexa, está na hora de mudar", dizia a mim mesma. Passava por um período em que não enxergava nada de muito bom ao meu redor - logo eu, normalmente tão otimista. Apesar do horário avançado, me vestia tranquilamente até alguém gritar da sala me oferecendo carona à estação da CPTM. Preferia mil vezes ir de Metrô, mas a ideia de encarar um ônibus lotado com o mau tempo era desanimadora. Chovia a cântaros na cidade. Corri me apressar e quinze minutos depois estava com meu pai na plataforma do trem. Assim que as portas do vagão se abriram olhei desconsolada para os rostos que me cercavam. Via um bando de pessoas hostis, cada uma fechada em seu próprio mundinho interior, disputando um espaço entre as barras de ferro. Eu estava triste. E ainda por cima não conseguia encontrar nenhum lugar onde pudesse me segurar; temia cair ao primeiro sacolejo sobre os trilhos. Foi quanto notei meu pai ao meu lado. "Vou segurar no seu braço, tá?", disse, já entrelaçando as minhas mãos ao redor do seu corpo. Naquele momento, como num flash, me lembrei de quanto era uma garotinha e ele me levava onde eu julgava ser o fundão do mar, me segurando bem forte a cada onda que surgia. Quando pulava a elevação das águas, eu vibrava de felicidade e o meu pai dava gostosas risadas, notando a minha expressão exultante. Ao relembrar esses momentos, os meus olhos marejaram e senti uma vontade irresistível de encostar a minha cabeça em seu ombro, apenas me deixando ficar ali, quieta, até a tristeza passar. Há quanto tempo eu não dizia que o amava? Será que ele saberia o quanto? De repente, ele puxou um assunto qualquer e prosseguimos o caminho conversando. Minutos depois a voz do maquinista indicava a estação que eu deveria descer. Ele me deu um beijo na testa, nos despedimos e, por alguns instantes, tudo voltou a ficar bem.



*Postado originalmente aqui.

domingo, 8 de maio de 2011

Heranças transatlânticas

A Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu 2011 como o Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes, a fim de redobrar os esforços mundiais na luta contra a discriminação racial e a xenofobia que, apesar da abolição da escravatura no século 19, ainda afetam pessoas de ascendência africana.

Ao ser arrancado de seu lar, cada negro trouxe consigo um
Agbalá, palavra da língua iorubá que significa o pedaço da África plantado dentro de cada um deles. O significado do termo é título de Agbalá: um lugar continente, de Marilda Castanha, que se debruça na trajetória desses povos e aborda singularidades da cultura africana, tão importantes para a formação da identidade de nosso país.

Sem essas heranças não existiria a diversidade de raças, línguas e costumes tão disseminados pelo mundo, como Machado de Assis, filho de um pintor de paredes mulato e de uma portuguesa dona de casa, neto de escravos libertos; pratos com forte influência africana, como vatapá, caruru, efó, acarajé e bobó, com largo uso de azeite-de-dendê, leite de coco e pimenta; e diversos gêneros musicais, como jazz, blues, samba, hip hop e os afro-sambas, produzidos há exatos 45 anos por Baden Powel e Vinicius de Moraes.

A obra de Marilda integra a coleção
Histórias para contar História, que também engloba os títulos Pindorama, Terra das Palmeiras, que retrata a cultura dos primeiros habitantes do Brasil, e Bárbara e Alvarenga, Chica e João e Dirceu e Marília - estes três últimos sobre personagens da Inconfidência Mineira, produzidos em parceria com o escritor Nelson Cruz.

Para obter mais informações sobre os livros, clique aqui.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A pedra do mundo

Carlos Drummond de Andrade ganhou uma bela homenagem mundo afora. Seu clássico poema, Uma Pedra no Meio do Caminho, é declamado em diversas línguas no vídeo produzido pelo Instituto Moreira Salles.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Das possibilidades










E que possamos sempre e sempre sonhar e acreditar. Feliz 2011!