quinta-feira, 30 de agosto de 2007

domingo, 26 de agosto de 2007

Póstudo

QUIS
MUDAR TUDO
MUDEI TUDO
AGORAPÓSTUDO
EXTUDO
MUDO

Augusto de Campos

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Extra! Extra!

Domingo (19), por volta das 17h, um feixe de luz pôde ser visto cruzando o céu da cidade.
O Sr. Gato, presente no local, conta o que viu. “Eu estava deitado no telhado de uma casa, lambendo minhas patas, quando vi uma luminosidade diferente no céu. Pensei que era algum tipo de pássaro, mas tinha um rabo muito grande!”. O intenso brilho causou euforia nos moradores do Bairro das Flores. “Eu estava voando, me despedindo do sol, quando me deparei com uma cauda que quanto mais seguia em frente, maior ficava... Incrível!”, diz o Sr. Passero, líder da comunidade dos pardais.
Preocupadas com a repercussão das notícias, as nuvens fizeram uma reunião extraordinária, que durou 5 minutos, até explicarem o ocorrido. Segundo a presidente da Comissão, Sra. Algodão Branco, o brilho intenso visto no céu nada mais era do que uma estrela cadente. “Espero que todos tenham feito pedidos... logo seus sonhos se realizarão”.

[Viva as pequenas coisas da vida.]

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Yo soy o que a água me deu Frida

"Este espetáculo é como outro qualquer, mas gostaria que o assistissem apenas as pessoas de alma já formada"

Sentir-se parado enquanto tudo flui. Ser espectador da vida. Observar os gestos, atos, cenas se descortinando diante dos olhos na representação de uma existência: Frida Kahlo.
A peça Yo soy o que a água me deu Frida, do Teatro das Epifanias, recria a vida e obra da pintora mexicana Frida Kahlo. Famosa por sua excentricidade e seus auto-retratos, Frida é tida como uma artista polêmica, tanto por sua forte personalidade e estilo um tanto usual quanto por assumir seu lado comunista e seus muitos amores (com homens e mulheres).
Utilizando vídeo, dança, música e coreografia, o espetáculo multimídia revela aspectos importantes da existência de Kahlo e provoca uma profunda reflexão acerca de nossa própria existência. "O que fazemos aqui?", "O que é a morte?", "Qual o objetivo da vida", "Deus existe?". Criando e (re)criando a história, cada um de nós tem suas próprias respostas. Frida teve as dela.

Dramaturgia: Daniela Smith
Pesquisa Original: Lilih Curi
Encenação: Wagner de Miranda
Performers: Camilo Brunelli, Daniela Smith, George Sander, Lilih Curi, Manuel Boucinhas e Márcio Martins


Serviço:
De 06/07 a 17/08 - Qui e Sex
Horário: 21h
Sesc Consolação
Espaço Provisório
R. Dr. Vila Nova - 245
Vila Buarque

Tel: 11 3234-3000

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Ridículo

[carta que escrevi num outono qualquer]

Oi, tudo bem?
Nem sei ao certo porque escrever este relato... Acredito que seja para me libertar de tudo que ainda me prende ao passado.
Durante meses senti-me magoada, ferida e em dados momentos até com raiva em relação a tudo que vivemos. Aconteceram tantas mudanças em minha vida de uma só vez que em alguns instantes cheguei a pensar que não conseguiria mais dar um passo a frente. Mas, apenas foram instantes... Pude verificar que a vida sempre se refaz, assim como a semente precisa morrer para a planta crescer, frutificar e tornar a fazer parte da misteriosa essência do equilibrio universal.
Agora, olho para trás e o passado já não me dói, apenas parece que é uma realidade tão distante que é como se eu olhasse e visse a vida de outra pessoa e não a minha. Assim como diz Clarice Lispector: "Perdi alguma coisaque me era essencial, que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar, mas que fazia de mim um tripé estável...". Sim, ao seu lado sentia-me estável, segura, como se o amor de menina fosse assegurar uma vida perfeita e previsível, assim como o barco não teme a tempestade pois está preso ao cais. Mas, de repente, a corda que prendia-me ao cais se partiu e fui atirada a uma tempestade tão assustadora que tive que segurar o leme para não perder a direção. E, quando a tempestade passou, pude descobrir um oceano tão vasto e lindo, repleto de surpresas... Aprendi a guiar minha vida tanto em dias de sol como em dias de chuva.
O meu erro foi enxergar em você um porto seguro, quando na verdade deveríamos ter velejado juntos pela incerteza das águas.
E hoje sinto que aquele amor doce, intenso e profundo transformou-se em um enorme carinho por uma pessoa especial, que coloriu meus dias e fez parte da minha história. Fico feliz por sermos amigos e não termos deixado que a mágoa e o ressentimento apagassem isso.
O que aconteceu tinha que acontecer... Você teve suas razões e eu tive as minhas para agirmos de determinadas maneiras, mas saiba que eu quero que você seja muito feliz e que sempre encontrará em mim uma grande amiga.

"Todas as cartas de amor são ridículas", Fernando Pessoa.
[acordei me sentindo ridícula]

domingo, 12 de agosto de 2007

Sozinha na estrada

Cada um de nós tem um lugar dentro de si que mais ninguém conhece... Ninguém alcança. Nele nos sentimos inteiros e, ao mesmo tempo, parte do universo. Somos essência. Guardamos lá todas as nossas dores, amores... Pensamentos mais secretos. Somos nossa própria companhia e isto basta para que continuemos a caminhar.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Sobre caminhos

Para ler e sentir, apenas.

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Quem pouco fala encontra atitude certa
Em todos os acontecimentos
Não desespera quando rugem tufões,
Porque sabe que não tardam a passar;
Sabe que uma chuva não dura o dia todo,
É produzido pelo céu e pela terra.
Se tudo é tão inconstante,
Como não o seria o homem?
Por isto o que importa
É a atitude interna,
Isto é: adaptar-se em silêncio
A todos os acontecimentos.
Quem harmoniza os seus atos Com o Tao da Realidade
Se torna um com ele.
Quem, no seu agir, é determinado
Por seu próprio ego
Identifica-se com o ego
Quem identifica o seu agir com coisa qualquer
É identificado com esta coisa.
Quem sintoniza com a alma do Infinito
Assemelha-se em tudo ao Infinito.
E quem assim se harmoniza com o Infinito
Recebe os benefícios do Infinito.
Tanta confiança recebe cada um,
Quanta confiança ele der.
[Poema 23 do Tao-Te-Ching, de Lao-Tsé]

A sabedoria consiste em identificar o seu agir de acordo com o seu caminho, e se tornar um com ele. Quando você e seu caminho são um só, não é mais você quem age, é Deus que age por ti (esqueça as suas idéias pré-concebidas acerca do que seja Deus, isso não vem ao caso, e ainda não nos é permitido saber. O que vem ao caso é que a ação de Deus é, em essência, dar a si mesmo). Quando você passa a agir desse modo, o medo - nada além da incerteza quanto ao futuro - deixa de ser necessário, e dá seu lugar à fé.
Com a ação correta e a fé correta, nada há mais de que você precise. Você já tem tudo.

Gostou do texto? Recebi do meu amigo Júlio, quando eu passava por um momento difícil. Perdi as contas de quantas vezes li e reli... Obrigada, Júlio! Você é um grande amigo (e escreve muito bem!).

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Novos Traços

Já publiquei aqui um texto do Augusto Paim, apenas não contei como nos conhecemos: por meio de uma pesquisa em comum, o Jornalismo em Quadrinhos, fomos trocando figurinhas pela internet. Paim mantém um blog super bacana, o Cabruuum, desenvolvido inicialmente para o projeto Rumos do Itaú Cultural. Como a proposta foi bem aceita e dá "pano pra manga", o blog continua a todo vapor, completando dois anos em novembro.
Augusto pediu autorização para publicar trechos do meu Trabalho de Conclusão de Curso, o livro-reportagem Novos Traços: a inovação da linguagem jornalística, no Cabruuum. Para conferir, clique aqui.

capa do livro-reportagem que escrevi com Neomisia Silvestre

sábado, 4 de agosto de 2007

Only Time

Who can say where the road goes,
Where the day flows?
Only time...
And who can say if your love grows,
As your heart choose?
Only time...

Who can say why your heart sighs,
As your love flies?
Only time...
And who can say why your heart cries,
When your love lies?
Only time...

Who can say when the roads meet,
That love might be,
In your heart.
And who can say when the day sleeps,
If the night keeps all your heart?
Night keeps all your heart...

Who can say if your love grows,
As your heart choose?
Only time...
And who can say where the road goes,
Where the day flows?
Only time...
Who knows?
Only time...
Who knows?
Only time...

Enya

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Outro lugar

Conversava com os amigos no alto da rampa. Mochila nas costas, jeans surrado, moleton azul anil. Os cabelos soltos balançavam suavemente ao vento, negros como a noite. A noite. Rápido veio a lembrança de como se conheceram: enquanto ela observava jovens dançando num agito frenético, parada numa esquina esperando a bebedeira da amiga passar, os olhos pousaram sobre ele. A hora ia alta, o relógio marcava duas da madrugada. Ele usava óculos, tinha os cabelos em desalinho e trajava uma camiseta com os dizeres "Libertem a Palestina". Os olhares se encontraram. Ela desviou, ficou sem graça, mas, minutos depois, voltou o olhar pra ele. Novamente o encontro dos olhos. Desta vez ficou vermelha e tratou de olhar para outro lugar. Mal percebeu quando ele se aproximou e iniciaram a conversa. Ele era diferente: cara de intelectual, voz grossa, gestos simples. Falava da vida com brilho nos olhos. Perguntou coisas que nunca ninguém havia ousado, assim, de cara. Questionava sobre perspectiva quando o rubro dos lábios os uniu. Ela se encantou, mas sabia que ele precisava partir. Os pés se agitavam para descobrir novos horizontes... Novos corações. Ela entendia, aprendera a deixar as coisas irem.
Meses depois, lá estava ela olhando para o alto da rampa. Pernas tremendo, voz embargada pela emoção, mas os olhos... Esses já não eram mais os mesmos.