segunda-feira, 21 de julho de 2008

Sobre a impermanência

Aprendi porque as nuvens mudam de lugar. Papel, fotos e objetos se prega com tarraxa, o intangível não.
Nada dura para sempre. As palavras doces, rabiscadas em um guardanapo qualquer, são exiladas numa velha caixa de presentes. Se findam na escuridão para serem escritas novamente. Assim como elas, eu também feneço. Morro para tentar reviver. E vivo um não para recomeçar.
Não sei permanecer.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Estrada


Tenho retratos espalhados pelo País e uma sensação de liberdade que voltei a aprisionar no peito.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Nos bastidores

Diálogos que ajudam a entender a Festa Literária Internacional de Paraty



Afinal, a Flip é ou não é um evento voltado para a elite? Diversas vezes a pergunta vinha à tona nas mesas de bar, no restaurante e até mesmo nos coquetéis após as sessões de cinema da Casa da Cultura de Paraty.
No bate-papo entre pesquisadores, jornalistas, empresárias e uma ilustradora de livro infantil, o quesito moda também entrou na pauta. “Parece que as pessoas ficam horas para escolherem cuidadosamente como descombinar a roupa”, disse uma das empresárias. O estilo blasé de alguns também surgiu na roda e virou motivo de piada. Para entrar no clima era só “rebuscar o vernáculo”. Em vez de falar que determinado objeto produzido por crianças era bonito, bastava dizer: “Muito interessante essa representação do universo lúdico”. Em suma, quanto mais se utilizasse tanto um tom formal na fala quanto roupas tidas por muitos como “estilosas” – e por outros como “descombinação total” –, mais integrado à Flip a pessoa estaria.
Alguns estudantes afirmaram categoricamente que a Festa é um evento voltado para quem tem mais poder aquisitivo. “O preço do albergue é de R$ 90 por dia. Quem estuda não tem grana pra gastar assim”, explicou uma aluna de pós-graduação em Literatura. Outro motivo apresentado era a de que o evento começa em plena quarta-feira, ou seja, impossível para diversos trabalhadores acompanharem desde o início.
Na edição do ano passado, o convidado especial Will Self polemizou ao afirmar que Paraty não era um lugar real. “Como todo lugar que é dominado pelo turismo, isto aqui é inventado, é algo criado para os que vêm de fora”, afirmou o londrino em reportagem publicada no portal de notícias G1, em 5 de julho de 2007.
Segundo Aline Rocha da Silva, 19 anos, caixa de um supermercado de Paraty, as vendas aumentam em torno de 80% no período da Flip. Para ela, o evento deixa a cidade mais alegre, principalmente pelo Programa Cirandas de Paraty, desenvolvido pela Associação Casa Azul nas escolas da rede pública do município. No entanto, por trabalhar durante todo o evento, Aline acabou não participando de nenhuma atividade da programação.
De acordo com Rosangela Passos Laro, 46 anos, professora primária de uma escola de Tarituba, vila de pescadores próxima à cidade de Paraty, a Festa Literária não é só voltada para os turistas, mas também para os moradores. “A gente desenvolveu [na escola] o projeto Memória Local. Entrevistamos pessoas da comunidade e o trabalho está exposto em frente à Tenda dos Autores”, relatou.
Inspirados nos grandes nomes e personagens da literatura – este ano no homenageado Machado de Assis –, milhares de alunos participaram do projeto que tem o intuito de capacitar jovens por meio de aulas de literatura e de um ciclo de palestras, filmes e leituras para educadores e para a comunidade. Ações realizadas em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro [UFRJ]. Assim como Aline, Rosangela também não participou da programação, além do projeto desenvolvido na escola. De acordo com a professora, o motivo é a dificuldade em conciliar o ensino em sala de aula e os trabalhos artesanais à venda no quintal da casa de sua mãe com as atividades do evento.
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Aproveite para ler mais impressões sobre a Flip aqui.