terça-feira, 28 de setembro de 2010

Inventações

O olho vê, a lembrança revê, a imaginação transvê.

É preciso transver o mundo.

(Manoel de Barros)



Tem coisas melhor do que desabrochar a imaginação e ir até os limites da palavra?

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Menina invisível



Eu não tenho cabelos vermelhos e o meu vestido não é amarelo. Eu sou só uma menina invisível, deitada na grama invisível que a moça que não sabia desenhar, não desenhou. Aquele é o menino que eu não lhe falei. Ele sempre está preso num único instante; o instante em que o moço que sabia desenhar, o desenhou.

O balão que subia as nuvens, com várias crianças chamando, teve de desviar o caminho, pois não fazia parte desse desenho. O avião que trazia uma faixa, com linda declaração de amor, teve de mudar a rota, pois neste céu azul é que não foi desenhado. O pombo-correio que veio voando de fora da imagem, bateu o bico na borda e caiu. Por isso, o menino está sempre só.

Se as crianças do balão não conseguiram. Se o avião também não conseguiu. Se nem o pombo-correio teve sucesso, como é que eu, uma menina invisível, feita de palavras, poderia chegar até ele? Foi o que passei dias e dias pensando. Então, numa de minhas viagens, ouvi dizer que uma imagem valia mais do que mil palavras. Não tive dúvidas. Abri a oficina invisível, acendi as luzes transparentes e comecei a construir este imenso abraço de palavras. De mil e duas palavras. Para, um dia, entregar a ele.

(Rita Apoena)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Diferenças que atraem


Marcelino era um menino que enrubescia sem nenhum motivo. Por não precisar levar uma bronca ou passar vergonha para ficar com o rosto vermelho, todos os seus colegas o achavam muito diferente. Marcelino não entendia o motivo, mas, mesmo assim, resolveu se isolar dos outros para poder brincar em paz. Até que um belo dia, o garoto conhece Renê Rocha, um menino violinista que tinha algo parecido com ele: espirrava sem parar, mesmo sem estar resfriado.

É assim que começa a história de Marcelino Pedregulho, do ilustrador francês e colaborador de revistas como The New Yorker, Jean-Jacques Sempé, que recebeu o prêmio Altamente Recomendável da FNLIJ.



"Se eu quisesse que todo mundo ficasse triste, contaria que os dois amigos, presos às suas obrigações, não se reviram mais. De fato, é o que acontece na maioria das vezes. A gente reencontra um amigo, fica supercontente, faz planos.

E depois, a gente não se vê mais. Porque não temos tempo, porque moramos longe um do outro, porque temos um monte de trabalho. Por mil outros motivos.

Mas Marcelino e Renê se reviram."


(Trecho de Marcelino Pedregulho, de Jean-Jacques Sempé)


Para saber mais sobre a obra, clique aqui e aqui.

domingo, 19 de setembro de 2010

Em estado de infância


A animação de Geneviève Godbout, Mourad Seddik, Carole Carrion e Samuel Wambre mostra que todos os sonhos, até aqueles da infância, podem ser compartilhados.