domingo, 30 de agosto de 2009

Começos inesquecíveis


O escritor C. S. Lewis dedicou a sua obra “O leão, a feiticeira e o guarda-roupa” para a sua afilhada, Lucy Barfield. A considero uma das dedicatórias mais bonitas que já vi.


Minha querida Lucy,

Comecei a escrever esta história para você, sem lembrar-me de que as meninas crescem mais depressa do que os livros. Resultado: agora você está muito grande para ler contos de fadas; quando o livro estiver impresso e encadernado, mais crescida estará. Mas um dia virá em que, muito mais velha, você voltará a ler histórias de fadas. Irá buscar este livro em alguma prateleira distante e sacudir-lhe o pó. Aí me dará sua opinião. É provável que, a essa altura, eu já esteja surdo demais para poder ouvi-la, ou velho demais para compreender o que você disser. Mas ainda serei o seu padrinho, muito amigo,

C. S. Lewis

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A verdade a gente inventa

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Para escrever uma matéria sobre os benefícios do trabalho voluntário, visitei algumas instituições do Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, entre elas a Casa Santa Bakhita, um abrigo provisório para crianças de zero a seis anos. Nas dependências da casa conheci dois meninos, de cinco e de seis anos.
- Fala pra ela porque você está aqui – pediu a responsável pelo local a um dos garotos.
- Em vim porque queria conhecer o meu amigo! – disse o mais novo, sorrindo ao mesmo tempo em que passava o braço por cima do ombro do colega.
A cena foi tão engraçada que não pude controlar o riso. Depois alguém me segredou baixinho, ao pé do ouvido, o quanto a história dele era complicada. Seria melhor acreditar que ele estava lá apenas pela necessidade de ter um amigo.

domingo, 16 de agosto de 2009

Da terra do sol nascente







São Paulo tem dessas coisas. Ao passear no fim de semana até parece que estamos em outro país.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Os nomes de Deus

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Em seu quarto de badulaques, Rubem Alves conta que a escritora Margueritte Yourcenar o ensinou os trinta e três nomes de Deus. “É só falar o nome, ver na imaginação o que o nome diz, para que a alma se encha de uma alegria que só pode ser um pedaço de Deus... Mas é preciso ler bem devagarzinho...”, explica o autor. Achei a lista tão bonita que resolvi criar a minha própria. Aí vai: 1. Aroma de café. 2. Pôr-do-sol. 3. Olhar entre dois apaixonados. 4. Joaninha. 5. Som de cachoeira desconhecida. 6. Balanço. 7. Página em branco. 8. Nuvem. 9. Arco-íris. 10. Rede de pescador. 11. Fundo do mar. 12. Mergulho. 13. Livro antigo. 14. Abraço apertado. 15. Bom dia dito com um sorriso. 16. Reencontro entre amigos. 17. Gota de orvalho ao amanhecer. 18. Brisa suave no rosto. 19. Semente que se transforma em árvore. 20. Voo de passarinho. 21. Brócolis. 22. Canoa no meio de um rio distante. 23. Céu repleto de estrelas. 24. Sorriso de criança. 25. Histórias de velhinho. 26. Esperança. 27. Canto de pássaro em liberdade. 28. Cavalo selvagem correndo. 29. Fruto tirado do pé. 30. Cheiro de terra molhada. 31. Pés descalços tocando a areia da praia. 32. Desenho colorido. 33. Linha do horizonte.

sábado, 8 de agosto de 2009

Dobrada à moda do Porto

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Chico Buarque lê um dos belos poemas de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa.



... porque o amor não é um prato que se possa comer frio.

domingo, 2 de agosto de 2009

Uma vida nas alturas

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Quando estavam construindo a casa onde moro atualmente, eu passava tardes inteiras desenhando a disposição do jardim. Imaginava um canteiro com hortênsias, margaridas e rosas de todas as cores, rodeado por um Jacarandá de galhos enormes. Sonhava em ter uma casa na árvore, para descer e subir na hora em que quisesse, assim como a Punky, a levada da breca, fazia na TV. Mas, para a minha frustração, acimentaram todo o quintal. Não deixaram um vãozinho sequer para um dente-de-leão.
Com o tempo, aprendi a cuidar das minhas próprias plantas e enchi a casa com vasos de camélia, margarida e flor de maio, mas até hoje acalento a ideia de ter um grande jardim, com grama verdinha e um pomar. A casa na árvore, no entanto, achava que só era possível em desenhos animados. Nem preciso dizer o tamanho da minha surpresa quando descobri, por acaso, uma empresa que instala casas de madeira em árvores.

Fiquei imaginando se os clientes são crianças grandes.