quarta-feira, 13 de junho de 2007

Chega às livrarias a segunda antologia do Pasquim

Setembro de 68. Numa mesa de bar, no bairro de Ipanema, alguns amigos se reuniam e, entre um chopp e outro, decidiam o nome de um jornal. “Que tal Pasquim? Vão nos chamar de pasquim (jornal difamador, folheto injurioso), terão de inventar outros nomes para nos xingar”, propôs Jaguar. A princípio a sugestão não agradou, mas como todos estavam cansados de tanta reunião, o nome foi aceito. Começaria aí uma trajetória de 22 anos que marcaria para sempre a linguagem jornalística.
Famoso por seus textos debochados, irônicos e irreverentes, o Pasquim inventou modismos como “paca”, “sifu”, “duca”, “putsgrila”. Levou as gírias ipanemense para as páginas do tablóide e tirou o “paletó e a gravata do jornalismo” deixando os textos mais próximos da linguagem coloquial. Escreviam como se fala.
Com um time de jornalistas de dar inveja, a Patota do Pasquim era composta por Jaguar, Millôr, Ziraldo, Henfil, Tarso de Castro, Ivan Lessa, Sérgio Augusto, Sérgio Cabral, Claudius, Fortuna, Paulo Francis e colaboradores como Vinicius de Moraes, Chico Buarque, Ferreira Gullar e Glauber Rocha, sem falar no mascote do jornal: Sigmund Freud, o rato Sig. Em tempos de Ditadura Militar (1964-1985), conseguiam driblar a censura entre um quadrinho aqui, um cartun acolá. Suas páginas eram recheadas de humor, uma resistência inteligente contra o regime. Deixou sua marca em toda uma geração...
Mas agora, quem quiser matar a saudade do hebdomadário ipanemense não precisa mais ir à biblioteca ou ao arquivo do Estado. Já chegou às livrarias o segundo volume da antologia do Pasquim (Desiderata, 368 páginas), que reúne os melhores trabalhos entre os números 150 e 300 (anos de 1972 e 73) do jornal, organizados por Sérgio Augusto e Jaguar.
Se quem leu o primeiro volume da antologia (publicada no ano passado) gostou, pode se preparar para mais horas e horas de leitura perspicaz e bem humorada com o segundo.