segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Conchas na areia

Ontem eu estava olhando as pedrinhas que tenho na cabeceira ao lado da minha cama e lembrei que certa vez (deveria ter 12 ou 13 anos) andava na praia, sozinha, a caminho do riozinho. Eu sempre recolhia conchas para levar para casa de recordação da viagem, mas aquele dia, quando olhei para as ondas quebrando na praia e as conchas fincadas na areia, detive-me em fitar uma em especial, demoradamente. Sua beleza se destacava de todas as demais. E então, quando pensei em pegá-la parei bruscamente. Não! Não era justo eu querer roubar tamanha obra-prima que a natureza esculpira com tanta primazia. O lugar dela era lá, embelezando o caminho de quem passasse, além do que, se eu a levasse embora, ela perderia o brilho e o encanto que a tornavam fascinante. O que muitas vezes não percebemos é que existem objetos, coisas, pessoas, que em nossa ânsia egoísta de amar queremos ter por perto, arrancar-lhes de seu mundo para satisfazer loucas vaidades e esquecemos que o lugar delas é lá, onde a natureza as conservou, porque só assim, livres para irem onde as "ondas do mar" a carreguem é que manterão o encanto imprevisível do caminho do viajor. Eu não peguei a concha e tão pouco me interessa seu destino. Talvez alguém a tenha pego, ou talvez, ela ainda esteja em algum lugar secreto do mar, esperando seu regresso a praia. Mas, independente do que aconteceu, eu nunca esquecerei a lição que ela me propiciou: Cada um tem seu caminho e não adianta querer mudar isso. Certas pessoas cruzam nossa existência tão rápido, porém permeiam para sempre a beleza, os sorrisos, as lágrimas, a felicidade, o companheirismo, a amizade... As maravilhas que este encontro permitiu.
[texto escrito dia 18/06/2005]

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