segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Cruzamento

O velocímetro do carro marcava 80 km por hora quando se aproximava do cruzamento. Trocou a marcha e aos poucos foi diminuindo a velocidade. Farol fechado. Parou. Num gesto automático olhou para fora da janela e reconheceu o rosto dentro do carro preto ao seu lado. O vidro fechado, coberto com insul film, não permitia que um visse claramente o rosto do outro, mas mesmo assim, teve a sensação de que ele também a vira. Encontro dos olhos, um na direção do outro. Sentiu-se transportada para outra realidade, como naqueles instantes em que um clarão percorre todo o corpo e tem-se a sensação do momento preciso em que tudo poderia ter sido diferente. A mudança de planos, a permanência na cidade, o “sim” dito na conversa, apesar de todos os medos. Suspirou longamente e falou para si mesma “tudo poderia ser diferente”. Despertou de seus pensamentos com sons de buzina. Desviou o rosto e olhou para frente. Farol aberto. Engatou a primeira e arrancou o carro. Cada qual seguiu seu rumo.

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