segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Ridículo

[carta que escrevi num outono qualquer]

Oi, tudo bem?
Nem sei ao certo porque escrever este relato... Acredito que seja para me libertar de tudo que ainda me prende ao passado.
Durante meses senti-me magoada, ferida e em dados momentos até com raiva em relação a tudo que vivemos. Aconteceram tantas mudanças em minha vida de uma só vez que em alguns instantes cheguei a pensar que não conseguiria mais dar um passo a frente. Mas, apenas foram instantes... Pude verificar que a vida sempre se refaz, assim como a semente precisa morrer para a planta crescer, frutificar e tornar a fazer parte da misteriosa essência do equilibrio universal.
Agora, olho para trás e o passado já não me dói, apenas parece que é uma realidade tão distante que é como se eu olhasse e visse a vida de outra pessoa e não a minha. Assim como diz Clarice Lispector: "Perdi alguma coisaque me era essencial, que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar, mas que fazia de mim um tripé estável...". Sim, ao seu lado sentia-me estável, segura, como se o amor de menina fosse assegurar uma vida perfeita e previsível, assim como o barco não teme a tempestade pois está preso ao cais. Mas, de repente, a corda que prendia-me ao cais se partiu e fui atirada a uma tempestade tão assustadora que tive que segurar o leme para não perder a direção. E, quando a tempestade passou, pude descobrir um oceano tão vasto e lindo, repleto de surpresas... Aprendi a guiar minha vida tanto em dias de sol como em dias de chuva.
O meu erro foi enxergar em você um porto seguro, quando na verdade deveríamos ter velejado juntos pela incerteza das águas.
E hoje sinto que aquele amor doce, intenso e profundo transformou-se em um enorme carinho por uma pessoa especial, que coloriu meus dias e fez parte da minha história. Fico feliz por sermos amigos e não termos deixado que a mágoa e o ressentimento apagassem isso.
O que aconteceu tinha que acontecer... Você teve suas razões e eu tive as minhas para agirmos de determinadas maneiras, mas saiba que eu quero que você seja muito feliz e que sempre encontrará em mim uma grande amiga.

"Todas as cartas de amor são ridículas", Fernando Pessoa.
[acordei me sentindo ridícula]

5 comentários:

.lucas guedes disse...

ridículo! legal compartilhar estas coisas ridículas... se eu não me engano esta frase está no livro 'a paixão segundo gh', da clarisse... é tão confuso e tão claro... é issoaê. té mais!

Anônimo disse...

Inumeras vezes escrevi até dar ficar com tendinite no pulso e depois rasgava tudo, eu gostei da carta, é muito bom conseguir expressar em palavras o que está se passando por dentro...

Mas que todas as cartas de amor são ridiculas, são. Principalmente a minhas rs

Inaugurei meu blog, quando quiser dar uma passadinha...

Bjinhos

Anônimo disse...

Mimizinha liiiiiiiiiiiiinda
que cartinha foUfa....
Apesar de todas as cartas de amor serem rídiculas...
Mas eu fico mais feliz ainda em saber que hoje em dia você já aprendeu a guiar seu barco sem rancor e tristezas...isso é mto mais importante do que qualquer coisa que um dia aconteceram na nossa vida...

E esse post acabou de me lembrar que eu fiz a maior burrice da galáxia dia desses quando escrevi uma cratinha a mão e entreguei pro fulano...que guardou e nunca mais quis me devolver...que medo de reler essa carta...deve ser totalmente loser...nhé :(

Amo-te em quantidades industriais...saudades imeeensas :)

-Fábio! disse...

ahahahahahha

pow.. ridiculo são os meus,rsrsrsr trágicos, se preciso até invento coisas pra tornar mais trágico ainda! rsrsrsrsrs
isso sim é ridiculo.

mas fazer oque.. inevitavel né..
eu gostei de ler seu texto!

me senti obrigado comentar aqui
me identifiquei. rsrsrsrsr
abraços.

menina da lua* disse...

Ridículo é não se expressar desse jeito, isso sim!

Seria um desperdício.