sexta-feira, 28 de setembro de 2007

O último dia

Minha amiga,

Você diz que o melhor, talvez, seja ensurdecer em meio às pessoas que nos cercam. Cada uma falando apenas de si mesma, como eternos lábios que mexem apenas os músculos num exercício estafante de fazer-se dizer “Estou aqui, preste atenção em mim!”.
Num corre-corre diário regado a sons de buzinas, trânsito, metrô lotado e notícias do planalto nas páginas dos jornais, você quer apenas um minuto de paz. Um minuto sentada na grama, acompanhada de papel e caneta ao som de Corinne Bailey. E sonha em percorrer os campos numa tarde primaveril, pedalando na bicicleta.
Eu te digo: “Pensa que é só mais hoje, segunda você estará em outro mundo, com novas possibilidades”, mas você responde melancólica: “Aí é que tá! É só hoje, eu não sei o que vem pela frente”.
As reticências sempre permearam nossas vidas e daqui pra frente não será diferente. Talvez o melhor seja simplesmente “não saber” e deixar-se conduzir por veredas nunca antes percorridas.
Não tema o desconhecido. Como diz sua canção preferida “Você se encontrará em algum lugar, de alguma forma”.






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